sábado, 7 de abril de 2012

A partir de um Relatório, ou Psicodrama

Relatório de aula do dia  02/04/2012:
"Papéis"
No livro ‘Lições de Psicodrama’, p. 68, “A Origem dos Papéis na Matriz de Identidade” , compreende três fases – já criadas em capítulos  anteriores – mas aqui indicadas para o surgimento dos papéis: (Matrizes de Identidades Totais indiferenciada e diferenciada, e de Brecha).

Constato que seus detalhamentos no estudo me agrada, me identifico, e vem ao encontro do meu entendimento e pesquisa no estudo de atriz, principalmente nesta terceira fase que vai englobar o desempenhar dos papéis e culminar na espontaneidade. Os ‘papéis’ estudados por Moreno são intrinsecamente relacionados com os ‘papéis’ desenvolvidos no teatro. E que, obviamente, o teatro (os atores) os estuda na vida. – Aliás, a base do estudo desenvolvido por Moreno veio da sua experiência com o teatro, conforme relatado no livro.

Entramos então, na outra parte complementar sobre o desenvolvimento e desempenho dos vários papéis. A professora exemplificou uma situação em que alguém ganha uma calça; para demonstrar as seguintes três fases: 1. Role-taking “tomada do papel ou adoção do papel, que consiste em simplesmente imitá-lo a partir dos modelos disponíveis.” , 2. Role-playing “é o jogar o papel, explorando simbolicamente suas possibilidades de representação” e 3. Role-creating “é o desempenho do papel de forma espontânea e criativa”. 

Percebo que estas três etapas na fase adulta, e portanto papéis sociais e psicossomáticos, estão relacionadas com as três etapas das Matrizes citadas anteriormente (Identidades Totais e de Brecha).

Foi muito interessante o exemplo simples da calça – dado pela professora,  para transmitir o mesmo conteúdo e compreensão (comparado por mim, ao teatro/ator) à um grupo de pessoas com conhecimentos variados e não exatamente em teatro: 1. conhecer bem a calça, observar o tamanho para saber se é seu número – o personagem esta fora do ator, o ator estuda o personagem; 2. vestir a calça, sentir se serviu, sua flexibilidade – o ator tenta sentir o personagem, o articula, verifica; e 3. começa a enfeitar a calça – o ator se apropria do personagem, se diverte.

Conforme comentei na sala de aula, a terceira fase (Role-creating) me fascina, é a grande busca do ator, o divertimento, o prazer no palco, a total apropriação do personagem, o desengessamento de todo o processo de estudo. E que se traduz perfeitamente no aqui e agora –hic et nuc em latim, no desencadear respostas a partir da sensibilidade disponível e percepção interna mútua entre dois indivíduos na relação télica, dos estudos do J.L.Moreno.
As três fases do estudo (Role-taking, Role-playing, Role-creating) já foram, obviamente, e vem sendo exploradas por vários estudiosos do teatro, com base lá em Constatin Stanislavski – 1905, neste ano Moreno tinha dezesseis anos.

Não me recordo (se estiver no livro) e não encontrei em uma rápida procura, se o Moreno em algum momento estudou com Constatin Stanislavski, ou com algum de seus discípulos. E percebo que Augusto Boal (pela comparação das datas) pode ter tomado conhecimento dos estudos do Moreno. Boal veio anos depois, e tem muito processo de estudos semelhantes, principalmente sobre o Teatro Jornal. – por hora supri a necessidade do relatório, mas a pesquisa continua.


Concluindo

Exatamente por esse vasto e enorme trabalho do ator em estudar vários tipos de personagens é que acredito na grandeza dessa profissão em favorecer a evolução desse ser humano, em capacitá-lo ao entendimento e compreensão de outros seres humanos, capacitá-lo a se colocar no lugar do outro. Por isso todo método que se utilize da atividade teatral, dentro desses procedimentos de estudos, só pode contribuir para a evolução e melhoria de qualquer ser humano em qualquer profissão ou status social. É de uma riqueza maravilhosa o passo a passo dos estudos do J.L.Moreno, e sua visão para direcionar metodologicamente e psicologicamente ao que lhe interessava, como optou depois, pela exclusão da necessidade do texto decorado.

Bibliografia:
GONÇALVES, C. Salles; WOLFF, José Roberto; ALMEIDA, W. Castello, ‘LIÇÕES DE PSICODRAMA’, Introdução ao Pensamento de J.L.Moreno – São Paulo, Ágora, 10ª Edição.  

 

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