Relatório de aula do dia
02/04/2012:
"Papéis"
No livro ‘Lições de Psicodrama’, p. 68, “A Origem dos Papéis na Matriz de Identidade”
, compreende três fases –
já criadas em capítulos anteriores
– mas aqui indicadas para o surgimento dos papéis: (Matrizes de Identidades
Totais indiferenciada e diferenciada, e de Brecha).
Constato que seus detalhamentos no estudo me agrada, me
identifico, e vem ao encontro do meu entendimento e pesquisa no estudo de
atriz, principalmente nesta terceira fase que vai englobar o desempenhar dos
papéis e culminar na espontaneidade.
Os ‘papéis’ estudados por Moreno são intrinsecamente relacionados com os ‘papéis’
desenvolvidos no teatro. E que, obviamente, o teatro (os atores) os estuda na
vida. – Aliás, a base do estudo desenvolvido por Moreno veio da sua experiência
com o teatro, conforme relatado no livro.
Entramos então, na outra parte complementar sobre o
desenvolvimento e desempenho dos vários papéis. A professora exemplificou uma
situação em que alguém ganha uma calça; para demonstrar as seguintes três
fases: 1. Role-taking “tomada do papel ou adoção do papel, que consiste em
simplesmente imitá-lo a partir dos modelos disponíveis.” , 2. Role-playing “é o
jogar o papel, explorando simbolicamente suas possibilidades de representação”
e 3. Role-creating “é o desempenho do papel de forma espontânea e criativa”.
Percebo que estas três etapas na fase adulta, e portanto
papéis sociais e psicossomáticos, estão relacionadas com as três etapas das
Matrizes citadas anteriormente (Identidades
Totais e de Brecha).
Foi muito interessante o exemplo simples da calça – dado
pela professora, para transmitir o
mesmo conteúdo e compreensão (comparado por mim, ao teatro/ator) à um grupo de
pessoas com conhecimentos variados e não exatamente em teatro: 1. conhecer bem
a calça, observar o tamanho para saber se é seu número – o personagem esta fora
do ator, o ator estuda o personagem; 2. vestir a calça, sentir se serviu, sua
flexibilidade – o ator tenta sentir o personagem, o articula, verifica;
e 3. começa a enfeitar a calça – o ator se apropria do personagem, se diverte.
Conforme comentei na sala de aula, a terceira fase (Role-creating)
me fascina, é a grande busca do ator, o divertimento, o prazer no palco, a
total apropriação do personagem, o desengessamento de todo o processo de estudo.
E que se traduz perfeitamente no aqui e
agora –hic et nuc em latim, no desencadear
respostas a partir da sensibilidade disponível e percepção interna mútua
entre dois indivíduos na relação télica,
dos estudos do J.L.Moreno.
As três fases do estudo (Role-taking, Role-playing,
Role-creating) já foram, obviamente, e vem sendo exploradas por vários
estudiosos do teatro, com base lá em Constatin Stanislavski – 1905, neste ano
Moreno tinha dezesseis anos.
Não me recordo (se estiver no livro) e não encontrei em uma
rápida procura, se o Moreno em algum momento estudou com Constatin Stanislavski,
ou com algum de seus discípulos. E percebo que Augusto Boal (pela comparação das
datas) pode ter tomado conhecimento dos estudos do Moreno. Boal veio anos
depois, e tem muito processo de estudos semelhantes, principalmente sobre o
Teatro Jornal. – por hora supri a necessidade do relatório, mas a pesquisa
continua.
Concluindo
Exatamente por esse vasto e enorme trabalho do ator em
estudar vários tipos de personagens é que acredito na grandeza dessa profissão
em favorecer a evolução desse ser humano, em capacitá-lo ao entendimento e
compreensão de outros seres humanos, capacitá-lo a se colocar no lugar do
outro. Por isso todo método que se utilize da atividade teatral, dentro desses procedimentos
de estudos, só pode contribuir para a evolução e melhoria de qualquer ser
humano em qualquer profissão ou status social. É de uma riqueza maravilhosa o
passo a passo dos estudos do J.L.Moreno, e sua visão para direcionar
metodologicamente e psicologicamente ao que lhe interessava, como optou depois,
pela exclusão da necessidade do texto decorado.
Bibliografia:
GONÇALVES, C. Salles; WOLFF,
José Roberto; ALMEIDA, W. Castello, ‘LIÇÕES DE PSICODRAMA’, Introdução ao Pensamento de J.L.Moreno –
São Paulo, Ágora, 10ª Edição.
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